É o pior resultado desde 2001
Por Elton Luciano – Repórter do Observatório
A pandemia da covid-19 impactou não só na vida de milhares de pessoas como também nas finanças dos planos de saúde no Brasil. Segundo levantamento divulgado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), em 2022, o prejuízo operacional dos planos de saúde foi de R$ 12 bilhões.
Seguindo a mesma dinâmica, as operadoras médico-hospitalares fecharam o primeiro quadrimestre de 2023 com déficit de R$ 1,7 bilhão. Manter-se no mercado, garantir a qualidade dos serviços e sair do vermelho é o grande desafio dos planos de saúde.
Na Cassems, os investimentos no combate à pandemia e na assistência aos nossos beneficiários com covid-19 totalizaram R$ 290 milhões – recursos absolutamente necessários que salvaram milhares de vidas.
Cassems também é afetada
A Cassems cumpriu um papel fundamental durante a pandemia, salvando milhares de vidas. Graças aos investimentos e excelência no cuidado na nossa rede hospitalar, a taxa de recuperação de pacientes com covid chegou a 89% , bem acima da média nacional que ficou em 62%. “Tudo o que construímos até aqui, nossa estrutura, nossas equipes, nossa experiência, nossa tecnologia, enfim, a nossa rede Cassems, tornou-se um suporte ao estado, no momento mais difícil da saúde mundial. Os impactos da pandemia e do aumento dos custos da assistência nas nossas finanças continuam. Em 2021, fechamos as contas no vermelho, pela primeira vez na história da Cassems. Em 2022, nosso balanço financeiro voltou a melhorar. Mas em 2023, já registramos um fluxo financeiro negativo. Em abril, por exemplo, o aumento da demanda gerada por crises de viroses, dengue, entre outras, impactaram negativamente as contas da Cassems”, esclarece o presidente da Cassems, Ricardo Ayache.
Assembleia Extraordinária da Cassems
AGE vai debater os impactos financeiros da pandemia e possíveis soluções
Neste cenário complexo da saúde suplementar, um dos grandes desafios da Cassems é a construção, de forma responsável, transparente e participativa, de alternativas viáveis que garantam a sustentabilidade do plano, a manutenção da alta qualidade do atendimento e a continuidade dos projetos em andamento. Um passo importante será dado no próximo dia 27 de julho, em Campo Grande. Coletivamente, os beneficiários vão se reunir numa Assembleia Extraordinária para debater os impactos financeiros da pandemia. “Somos feitos com a força dos servidores públicos. Isso significa dizer que temos uma capacidade extraordinária de vencer desafios, acreditar nos nossos sonhos coletivos e inovar na busca de soluções. Juntos, mais uma vez, vamos encontrar os melhores caminhos”, afirma com confiança Ricardo Ayache, presidente da Cassems.
Inflação médica alta
Além da pandemia, que exigiu grandes investimentos para salvar vidas e deixou uma demanda represada, os planos de saúde enfrentam a chamada “inflação médica”, que está cada vez maior. Essa inflação é calculada a partir de índices, como a Variação de Custos Médico-Hospitalares (VCMH), que medem o aumento dos preços de bens e serviços na área de saúde. Em 2022, o índice da inflação da saúde ficou em 7,13%.
Aumento da judicialização
O aumento da judicialização da saúde também agravou a situação financeira das operadoras de saúde. A judicialização ocorre quando o usuário submete ao Poder Judiciário a decisão sobre a obrigatoriedade ou não do fornecimento de determinado tratamento ou medicamento prescrito para a melhoria da sua condição de saúde.
Em 2022, segundo o Painel de Estatísticas Processuais de Direito da Saúde, lançado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), foram identificados cerca de 164 mil novos processos judiciais sobre saúde suplementar no Brasil. Dados atualizados do mesmo Painel de Estatísticas apontam que, somente em Mato Grosso do Sul, existem cerca de 15.400 processos em andamento sobre saúde.
Sinistralidade alta
A ANS também alerta para o aumento da taxa de sinistralidade. Somente no primeiro trimestre de 2023, a sinistralidade fechou em 87,2%- cerca de 1,2% acima da apurada no mesmo período do ano passado.
O aumento da sinistralidade em planos de saúde é um termo utilizado para descrever a relação entre os gastos com serviços médicos e hospitalares de uma operadora de plano de saúde e as receitas geradas por meio das mensalidades pagas pelos beneficiários. Em outras palavras, é a proporção entre os custos médicos e o valor arrecadado em um determinado período de tempo. Uma sinistralidade alta indica que os gastos com os serviços de saúde superam as receitas, o que pode levar a prejuízos financeiros para a operadora.