Artigo Rafael Jasovich: Eu tomo mate, o Papa Francisco também

Minha família sempre foi matera, mateavam direto, amargo como manda o figurino.
El mate não se bebe, se toma como quem se faz proprietário da infusão.
Era mate de manhã antes do desjejum, mate à tarde com pães doces, e mate antes do jantar. Nasci numa província (estado) onde por causa de tanto mate éramos chamados de barriga verde.
Lá a erva é diferente: mais grossa, seca e forte. Por decreto, acaba de virar bebida nacional. Argentino que se preza mateia (a arte de tomar mate) todo dia e, quando pode, o dia todo.
Eles fazem piquenique para matear, mateiam para namorar, passeiam, pedalam, estudam, tudo mateando. Sim, é um verbo conjugado em todos os tempos. Mate é tudo, erva raiz do verbo, a cuia.
O mate é agregador: se fazem círculos e cuia com a bomba circula, se conversa de tudo se ri, se chora e até se xinga quando assim o exige o momento.
Na história do mate há muitos personagens. O tango também identifica o amante do mate. Carlos Gardel teve direito a embalagem especial um ano depois de sua morte.
Os tempos mudam a nova mania é o mate bar. Diferente do café, que é individual, com o mate há uma comunhão na mesa. De tardezinha, as mães buscam os filhos na escola e se juntam no bar. Enquanto eles brincam, elas mateiam.
Curioso como a erva amarga promove doce comunhão e ainda vem acompanhada de um cardápio que dá água na boca.
O Argentino toma muito mate. Além disso, segundo uma pesquisa recente, o mate está presente em 98% dos lares, ou seja, em cada cantinho da Argentina.
Os uruguaios tomam mais quantidade de mate. Mas os nossos países têm diferentes costumes de tomar mate. Na Argentina é bebido no lar e no trabalho, em Uruguai é costume estar com ele o tempo todo. Assim, o Rio de la Plata se constitui como o maior centro mundial de tomadores de mate.
Como falei, para conquistar novos consumidores e mercados, a inovação é o cavalo de batalha. Mas nos últimos dias, acho, que o grande líder do marketing a nível mundial foi o Papa Francisco.
Na semana que ele esteve no Rio de Janeiro na Jornada Mundial da Juventude, ele parou duas vezes seu Papa móvel para dar uns beijos na Indígena Bebida!
Assim, o mundo todo perguntou que bebida era essa que o Papa pegou. Bom, o nome é Mate ou Chimarrão, depende a região.
Lembremos que quando o Jorge Bergoglio foi escolhido no Vaticano, a presidenta Cristina Fernandez de Kirchner entregou um belo mate, mas a notícia não correu o mundo.
Agora, o mate está de parabéns e é cosmopolita!
Mas o que eu tenho a ver com tudo isso? Eu tomo mate, só de manhã, mesmo sozinho (mate se toma em grupo). Não consegui me afastar deste consumo, aqui na minha cidade tem uma loja que vende a erva da Argentina (eu compro).
Eu mateo, e tu?
*Rafael Jasovich

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